Caru Schwingel*
A Platarax nasce do sonhar. Ao perceber que no Brasil “locais” para cursos on-line direcionados à autotransformação e ao autoconhecimento eram incipientes, começamos a sonhar este espaço há alguns anos.
Em dezembro de 2018, sob o maravilhamento da Sagrada Família e da singular obra de Antoní Gaudí, a ideia foi compartilhada. No caminho do Parque Güell, chegou o nome “Ataraxia“. Para além de inquietudes e preocupações, Ataraxia é um estado de ser que criamos ao sermos observadores analíticos do mundo, um locus em que nossa singularidade livre e pacificamente se expressa, sem pressões externas ou cobranças internas, é onde a “imperturbabilidade da alma” grata e conscientemente se reconhece.
Sim, no meio dos cotidianos turbilhões pessoais e sociais, queremos a quietude ativa, atenta e cuidadosa. Queremos estar e atuar desde a Platarax, promovendo cursos e ações, compartilhando conhecimentos para que cada vez mais pessoas possam incorporar técnicas, atitudes, sentimentos e pensamentos que auxiliem a uma melhor tomada de decisões em suas vidas. Que cada ação cotidiana, por menor que seja, venha com tranquilidade e consciência, desde o melhor de si, para si e entorno.
A Plataforma Ataraxia possui cursos com conhecimentos que propiciam o que compreendemos como o “bem” no mundo, desde os valores de verdade, beleza, autenticidade, justiça, alegria, liberdade, leveza, evolução e espiritualidade que escolhemos para nos conduzir. Valores que buscamos praticar com cada integrante deste ecossistema tecnológico que aqui iniciamos. Seja bem-vinda(o/e).
Ataraxia é termo cunhado por Epicuro, filósofo grego do período helenístico, três séculos antes da era cristã. O “bem” para ele reside no prazer, porém o “prazer do sábio” que advém da quietude da mente e do domínio das emoções; e, em última instância, do equilíbrio da natureza. A vida de Epicuro foi conduzida pela serenidade, o desenvolvimento espiritual e a doçura. Ataraxia é a “tranquilidade de ânimo” que possibilita um viver feliz.
A ideia inicial da Platarax surgiu em 2016 e vem se concretizar sete anos depois. Na poesia adolescente, encontrava-se a semente. Na leitura filosófica da mente ávida por conhecimentos, a compreensão do realizar-se humano na busca do sentido de Ser. Com o avanço contemporâneo e a fascinação por redes e tecnologias que as propiciam, para além de culturas e de “Ansiedades da Informação“, a constante necessidade de se estar bem. Trabalhar com tecnologias em rede, lógicas digitais, com comunicação e internet, hoyve uma aceleração mente-corpo e desencaixe de emoções. Observar em mim e nos outros o que ocorreu no começo do uso massivo da internet, bem como ocorre hoje em dia com nossas emoções, pensamentos, sentimentos, leva cada vez mais à certeza da necessidade do autoconhecimento e autoconsciência para estarmos no melhor do Ser humano.
A população mundial conectada passou a receber com as tecnologias digitais e internet a partir dos anos 1990 em um dia a quantidade de informação que seus avós e pais recebiam e anos. O que isso significa para o Humano? Como nos posicionamos e trabalhamos emoções e sentimentos que – agora – se desenvolvem desde parâmetros como anonimato, distanciamentos, ausência de privacidade ou mesmo corporalidade? O momento histórico que vivemos leva, inexoravemete, à reavaliação do humano em suas capacidades e potências.
Ao viajar, no final de 2018, para Barcelona, magicamente fui recebida por músicos baianos ao bater em desconhecida porta: “Oxi, por que demorou tanto? Venha cá para te dar um xêro!” Ali, soube ser momento de partilhar o sonho de uma plataforma de cursos on-line para o Brasil e América Latina que se estruture desde nossas sensibilidades, conhecimentos, sabedorias e culturas. Nossa alegria e leveza são conhecidas em todo o mundo. E por que não mostramos ao mundo o que nos move?
Somos povos que se fundamentam em conhecimentos ancestrais pouco difundidos, com educação formal eurocêntrica e bombardeados pela modo de vida estadunidense. Somos permeáveis a culturas e conhecimentos, temos a espiritualidade como valor humano e social, e grande gama de “filosofias” religiosas. Não temos receios de nos entregar, conhecer, somos emotivos e receptivos. Recohecemos a importância do outro e, desde a sabedoria do norte e nordeste brasileiro, alteridade e solidareidade é prática cotidiana.
Assim, elaborar um “locus” para apresentar este modo de vida, essas sabedorias, pareceu-me ainda mais urgente.
Ao partilhar a possibilidade de estruturarmos uma plataforma de cursos on-line com a querida Maiana Kokila, o elo baiano nessa história, começamos a sonhar juntas. E com nosso sócio de tecnologia, passou a ser realidade.
No bairro onde estávamos em Barcelona, no sonho conjunto, olhamos um letreiro: Ataraxia. “O que significa?” E tínhamos o nome, um conceito grego, helenístico, epicurista. Nada mais brasileiro, latino-americano que a incorporação de conceitos euroéuas, não?
Desde então, tem sido o desafio da concretização, com uma pandemia no meio, e decisões a serem tomadas em termos práticos. E tudo para estruturar cursos na Platarax que ajudem cada uma, cada um em sua jornada pessoal a estar melhor desde seus valores, desde o bem comum, desde o amor e a doçura que nos compõem.